COMO EU
lílian maial
Meus sonhos mudos
não têm mais vozes
silentes goles
de devaneios
carícias plenas
gotas serenas
correm na pele
pelos meus seios.
Minha nudez?
Ela é só minha
se não me enxergas
pelas entranhas.
Dona das manhas
onça pintada
solta no mato
boi de piranha.
Não queiras mágoa
a mim de estátua
que na verdade
eu sou bem sonsa.
Eu não sou santa
e nem sou tola
ou tua rola
apenas onça.
Cresci sabida,
sem lei, nem guia
nasci vadia
pra aproveitar.
Sou hedonista
sou alpinista
herdeira artista
do teu cantar.
Já fui cometa
arrastei lágrima
na cauda inválida
já fui estrela.
De parco brilho
saí dos trilhos
fui vaga-lume
de outro planeta.
Hoje sou eu
que não sou nada
menos que nada
eu sou talvez.
E em minha saga
apaixonada
sou verme e praga
insensatez.
Sou céu e terra
sou mar e areia
aranha e teia
cobra coral.
Se queres muito
que eu seja tua
me prova crua
sem mel, nem sal.
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Belo poema, amiga... Abração para você... Seu blog está perfeito: graça, conteúdo, leveza... Parabéns....
ResponderExcluirAchei você novamente. Que bom, pois o Letras e etc parece meio morto. Ao contrário de você, bem viva.
ResponderExcluirEm homenagem a isso -- e pela gentil mensagem que me deixou:
TE CONSUMO
Te verbivoro
Coisa sem nome
Inerme, insone
Cobra coral
Tua pele clara
Qual joia rara
De rima cara
Se me apresenta
ao natual
Ao invés, cruenta
Indomável, isenta
Ao solo arável
Meu cerebral
Meu sono tira
Qual pomba
qu'expira ante o punhal
Mas não te deixo
Te quero viva
Pois tu és minha
Inspiração animal
E inspiro e sorvo
Qual negro corvo
Teu seio
em vão...
Pois penso no lume
Que em teu brilho me olha
Mas ora me olha
cheia de revolta
Por ver-se presa
Duma vontade acesa
Pela minha escuridão
Não serás minha,
Vil vontade apenas,
mas rainha, sina
Tua será
Minha inventação
De coisas e afazeres
Selvagens germes
Indomados e inquisidores,
Que sabe, aguardados?
Pela tua cismação
Te que quero pura
Qual joia bruta
No arrozal
Te quero nua
Despida de verdura
Pois a experiência
É tua veste real