terça-feira, 26 de novembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
CAOS
CAOS
Lílian Maial
E ainda há todas essas asas se debatendo dentro de mim
E tantos leões famintos no meu peito
Não, amor, não se espante com essa baderna interna
É que não deu tempo de organizar as coisas
Você chegou de repente
**********
domingo, 17 de novembro de 2013
OFERTÓRIO
OFERTÓRIO
Lílian Maial
Dou-te minha inocência e devassidão,
Para que te cubras de perdão,
Para que tuas manhãs sejam de linho
E tuas noites recendam a leveza.
Que tenhas paz.
Entrego-te meus olhos,
Para que enxergues, em ti,
O homem que vejo.
Cuida bem dos meus luares
E não te esqueças de estendê-los,
Quando a noite vier dar no mar.
Mergulha em mim,
Aceita o meu sorriso!
É o que basta.
E beberei teu brilho tímido
Em goles de calma e caminho.
Adiante mais um pôr de sol.
********
Para que te cubras de perdão,
Para que tuas manhãs sejam de linho
E tuas noites recendam a leveza.
Que tenhas paz.
Entrego-te meus olhos,
Para que enxergues, em ti,
O homem que vejo.
Cuida bem dos meus luares
E não te esqueças de estendê-los,
Quando a noite vier dar no mar.
Mergulha em mim,
Aceita o meu sorriso!
É o que basta.
E beberei teu brilho tímido
Em goles de calma e caminho.
Adiante mais um pôr de sol.
********
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
DESDE AQUELE DIA
Tanto sol e tanto vento,
E minhas mãos não sabiam o que fazer, onde se esconder.
Meus olhos farejavam teus poros, cada traço, cada pelo.
O momento parou ali, na tua boca.
Queria provar tua sina.
Tua nuca me chamando. Eu quase fui. Temi. Tremi. Devia ter ido.
Inútil essa coisa de se fingir que não se quer. Deixar passar o momento.
O tempo se esvai - aquela ampulheta sem escrúpulos - e nos leva a chance.
Ah! Eu te queria desde aquele dia!
Quase me atrapalhei quando teus braços me envolveram tímidos,
avançaram cautelosos e me devolveram castos.
Queria profanar teu corpo todo, tua retina, teus cromossomas.
Bebi avidamente tua voz e te esperei nas paredes, nas gotas d’água, nos lençóis.
Viajei contigo para muito além das estradas.
Vivi teus minutos sorvendo os estranhos movimentos dos teus lábios, os desvios dos teus olhos.
Esses que me procuravam e fingiam não me encontrar.
Eu te queria desde aquele dia!
Tantas palavras e nenhuma palavra.
Não consegui te decifrar.
Meu corpo nu aprendendo a aguardar e a febre crescendo na sala de espera.
Mesa posta, eu já descomposta, sem resposta.
Suada de te antecipar os passos.
Não havia pegadas e a chama das velas ainda ardia.
Ah! Eu te queria! Sim, te queria desde aquele dia.
**************
terça-feira, 5 de novembro de 2013
POEMA
POEMA
Lilian Maial
É isso o que somos um para o outro:
impossíveis, imprevisíveis, arrebatadores,
surpreendentes, instigantes, misteriosos,
irritantes, descartáveis e fundamentais.
Nem o (a)mar consegue nos conter.
Somos dicotomia elementar.
Coisa básica, coisa quântica, exemplo do inexplicável.
Quero a palavra que nos nomeia.
Simples assim: quero.
Sei o que sentes, mas não direi,
a palavra vem adquirindo vontade própria,
evito contato mais íntimo com ela.
Sou pagã, herege, profana,
absolutamente ateia,
mas sei mais de deus que ele de si ou dos homens.
Sei mais de amor, que os amantes shakespeareanos.
Sei mais de ti, que tua mãe, teu pai e teu ego.
E nada sei.
Não te quero confortável.
Quero beber tua agonia, tua dor e tua poesia.
Quero teu suor, tua espera e teu sangue.
*************
sábado, 24 de agosto de 2013
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
®Lílian Maial
Tudo começou quando lhe disseram
que a língua não cabia dentro da boca, que era uma língua de trapo. Aquilo
virou obsessão, entre o fascínio e a vergonha. Tinha uma língua enorme, que
batia no queixo. Fazia caretas inimagináveis, fazia música com a língua,
provocava. Nas festinhas, exultava se ganhasse uma língua de sogra. Ainda
criança, gostava de brincar de falar a língua do “pê”.
Um dia começou a lamber e não
parou mais. Lambia os beiços, lambia a borda do prato, a borda dos copos,
lambia os lábios. Era mestre em lamber. E adorava língua de gato! Desde que
começou a lamber a pele, nunca mais teve sossego. Havia filas de tudo que é
tipo de gente. Todos queriam ver a língua, sentir a língua, beijá-la. Depois
que casou, passava horas lambendo a cria.
Resolveu estudar línguas. Fez
inglês, francês, espanhol, alemão e italiano. Era muito simples, dominava a
língua como ninguém. Ocupava alto posto na diplomacia, graças à lábia e às
línguas.
Tudo ia bem, até que passou a não
falar a mesma língua. As más línguas mandaram que dobrasse a língua, mas não era
de seu feitio engolir a língua. Tinha tudo sempre na ponta da língua. Deu com a
língua nos dentes. Morreu com a língua de fora.
*******************
domingo, 11 de agosto de 2013
sábado, 10 de agosto de 2013
COMO EU
COMO EU
lílian maial
Meus sonhos mudos
não têm mais vozes
silentes goles
de devaneios
carícias plenas
gotas serenas
correm na pele
pelos meus seios.
Minha nudez?
Ela é só minha
se não me enxergas
pelas entranhas.
Dona das manhas
onça pintada
solta no mato
boi de piranha.
Não queiras mágoa
a mim de estátua
que na verdade
eu sou bem sonsa.
Eu não sou santa
e nem sou tola
ou tua rola
apenas onça.
Cresci sabida,
sem lei, nem guia
nasci vadia
pra aproveitar.
Sou hedonista
sou alpinista
herdeira artista
do teu cantar.
Já fui cometa
arrastei lágrima
na cauda inválida
já fui estrela.
De parco brilho
saí dos trilhos
fui vaga-lume
de outro planeta.
Hoje sou eu
que não sou nada
menos que nada
eu sou talvez.
E em minha saga
apaixonada
sou verme e praga
insensatez.
Sou céu e terra
sou mar e areia
aranha e teia
cobra coral.
Se queres muito
que eu seja tua
me prova crua
sem mel, nem sal.
*********
Assinar:
Postagens (Atom)