segunda-feira, 11 de novembro de 2013

DESDE AQUELE DIA







Tanto sol e tanto vento,
E minhas mãos não sabiam o que fazer, onde se esconder.
Meus olhos farejavam teus poros, cada traço, cada pelo.
O momento parou ali, na tua boca.
Queria provar tua sina.

Tua nuca me chamando. Eu quase fui. Temi. Tremi. Devia ter ido.
Inútil essa coisa de se fingir que não se quer. Deixar passar o momento.
O tempo se esvai - aquela ampulheta sem escrúpulos - e nos leva a chance.
Ah! Eu te queria desde aquele dia!

Quase me atrapalhei quando teus braços me envolveram tímidos, 
avançaram cautelosos e me devolveram castos.
Queria profanar teu corpo todo, tua retina, teus cromossomas.
Bebi avidamente tua voz e te esperei nas paredes, nas gotas d’água, nos lençóis.
Viajei contigo para muito além das estradas.
Vivi teus minutos sorvendo os estranhos movimentos dos teus lábios, os desvios dos teus olhos. 
Esses que me procuravam e fingiam não me encontrar.
Eu te queria desde aquele dia!

Tantas palavras e nenhuma palavra.
Não consegui te decifrar.
Meu corpo nu aprendendo a aguardar e a febre crescendo na sala de espera.
Mesa posta, eu já descomposta, sem resposta.
Suada de te antecipar os passos.
Não havia pegadas e a chama das velas ainda ardia.
Ah! Eu te queria! Sim, te queria desde aquele dia.

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