domingo, 6 de abril de 2014

HOMEM SEM ROSTO


HOMEM SEM ROSTO
Lílian Maial






Não sei teu rosto, então, te invento assim: 
És como o sol, um deus, tão importante! 
Mas vem a lua e banha o teu semblante, 
E esse importante deus inventa a mim. 


Eu me perfumo em versos de alecrim, 
E sinto um gosto ardente e atordoante. 
Vem do teu corpo o cheiro embriagante, 
Que saboreio em notas de jasmim. 


Teus braços fortes vêm ao meu redor, 
A tua boca eu quero e sei de cor, 
Mordendo as rimas, lábios de profeta! 


As coxas rijas são o meu sustento, 
O pão, a carne, o vinho, o meu ungüento. 
Não sei teu rosto, então, amo o poeta! 


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4 comentários:

  1. Um maneira peculiar e interessante de tratar a forma fixa. Palavras & imagens inusitadas neste estilo, demonstram que tudo pode ser diferente quando existe um verdadeiro poeta por detrás da tela.

    Beijão.

    Ricardo Maineiri

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    Respostas
    1. Obrigada, querido amigo, pela presença sempre marcante, e comentários sempre oportunos.
      Beijão

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  2. Se a vida se faz em dueto
    Poesia de Lílian se apresenta aos pares
    Duas metades divididas
    Em quarteto e terceto: quatorze soneto...
    Na rima clássica

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