domingo, 27 de abril de 2014

​DE GAIOLAS & GRADES

DE GAIOLAS & GRADES
®Lílian Maial





Descobri que depois de tanto brigar com as gaiolas, não voei.
Asas pesadas, talvez dormentes da mesma posição, quebradas de grades.
Ou apenas acostumadas ao cativeiro. Não sei.
A liberdade parece mais distante com as portas abertas.
Destinos mais hostis.
Destino - palavra premeditada - só se escreve tarde demais.
Costumava achar engraçado e excitante esse voo cego,
não saber de nada até que foi.
Brincava de deixar para amanhã, quando tivesse tempo.
Agora entendo a alegria
e rio muito dos planos todos de todo mundo.

Gosto de ver o amarelo da flor da varanda.
Embora livre, vive apenas presa ao galho.
Ela me passa a ideia de destino, exposta e admirada,
finita e não menos cheirosa.
Cumpre sua função, eu cumpro a minha.

Aprendi que os ídolos fazem os tolos,
E que os tolos fazem ídolos por necessidade,
por medo da morte.
Não temo, não tramo e não faço tratos.
Tudo acaba, não tenho dúvida, e não seria diferente.
Como as flores, aceito a missão,


alada, finita e perfumada.

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